PEDALA MANAUS
O convite veio da minha prima, Alyne, já adepta do movimento há mais de três meses. Sempre que fala do assunto é com entusiasmo e cheia de recomendações. “Vamos lá, Carla, tens que conhecer. A sensação é uma delícia, a gente cansa as pernas, mas o ventinho batendo no corpo é impagável”, costuma repetir feito ladainha.
Eu ouvi uma, duas, três, quatro, inúmeras vezes. Li relatos e vi fotos postadas no Facebook, Perguntei detalhes, soube das parceriasconstruídas ali e do senso de companheirismo mesmo entre pessoas quenunca tinham se visto. Até que numa terça-feira fui conferir de perto do que, de fato, se tratava.
Alyne conseguiu a bicicleta de uma amiga e me emprestou. Para não bancar sozinha a marinheira de primeira viagem chamei a Gisele, uma amiga, que tem bicicleta, e lá fomos nós. Concentração a partir das20h, no posto de gasolina em frente ao Inpa, no Aleixo.
Chegamos equipadas: bicicletas presas ao carro graças ao trans-bike, pochete para guardar chaves, celulares e algum dinheiro – que saí lisapor aí não dá! -, tênis e roupas leves. Já tinha um monte de gente noposto e bicicletas de todas as marcas, cores e modelos sendo exibidas e recebendo os últimos ajustes antes da “largada”. Havia os“enchedores” de pneus, bombas de ar à mão verificando se alguém necessitava dos seus “serviços”; havia os fotógrafos de plantão fazendo cliques diversos para colocar na página do Facebook; havia os “testemunhas”, relatando as experiências e descobertas no grupo,inclusive no que diz respeito a boa forma.
Até que por volta das 20h25 os organizadores da festa iniciaram aexplanação das regras disciplinares para os participantes do passeio. Alemão, um dos organizadores, sobe na carroceria de uma pick-up e falada alegria por ver tanta gente ali – “quando começamos éramos três, quatro e hoje somos muitos e queremos ser mais. Obrigado por estarem conosco e aderirem a causa”; fala da importância de todos seguirem as regras e assim garantir segurança e da necessidade de respeitar as leis de trânsito – “bicicleta é veículo, então, a gente anda na mão dos carros e cumpre todas as regras: quando o sinal fechar, tem que parar e quando houver pedestres para cruzar a faixa de segurança aprioridade é deles”; e fala, também, que todos da equipe estarão disponíveis para ajudar ao longo do passeio – “os que estiverem de colete estão ali para ajudar vocês e para orientar o trânsito”.
Falação encerrada, ouvida atentamente, todos se organizam para sair. O percurso daquela noite foi considerado light para os organizadores: Aleixo, Paraíba, Passeio do Mindu, Eldorado, Djalma Batista, Pará, Maceió, Teresina, Paraíba, de novo, e Aleixo de novo. Em mim, uma das estreantes da noite, deu uma canseira daquelas, mas me saí bem, a não ser na subida da Maceió, sentido bairro-Centro, que tive que descer dabicicleta para vencer a ladeira. Mas enquanto empurrava a bike um dos organizadores do passeio ia dando suporte, ao meu lado.
Claro que nesta primeira vez me atrapalhei com o uso da marchas, qual a mais adequada para cada situação. Sou de um tempo em que asbicicletas eram “pé-duro” e a mais moderna que tive foi a Caloi Ceci, aquela com a cestinha na frente. Mas para orientar o manuseio das bikes os organizadores provem “passeios técnicos” nas noites de quarta-feira. E para os que estão com preparo físico em dia há rotas mais longas de pedaladas, às quintas, com duração de duas horas, contando com as paradinhas técnicas que ninguém é de ferro.
O fato é que depois de participar de um único passeio tenho como metacomprar uma bicicleta para curtir outros tantos. E sentir o ventinho da noite sobre duas rodas, descobrindo uma nova Manaus.
Lúcia Carla Gama
Jornal Acritica - 01/07/11
Twitter: @LCGama